A doce brisa do Rio Paraguai – Parte II

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                                                                                       Tania Maria Pellin

Doce Pantanal, quem te conhece, não te esquece jamais. Por aqui, tudo é calmaria, quem estancia por aqui, justifica “ isso é paz”, Manoel de Barros o transformou em poesia. No Pantanal de Corumbá, onde viveu parte de sua infância, passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas, amava os que viviam de barriga no chão.

Manoel, um pantaneiro nato, nasceu em Cuiabá e se fez menino em Corumbá, “Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do chão e aves, pessoas humildes, árvores e rios ”. Herdou uma fazenda de vacas, que segundo ele, o impediu de morar na sarjeta. Viveu cerca de dez anos, isolado, longe de tudo, sem internet, sem televisão, desfrutou do paraíso Pantanal. Ali, com o gorjear dos pássaros, escreveu belos textos. A inspiração lhe chegava, e ele rabiscava seus textos em papeis, nada de agendas eletrônicas. A singularidade do local se fez essência para compor, “O tema da minha poesia sou eu mesmo e eu sou pantaneiro. ”

Manuel conseguiu se desligar de tudo, e ali em meio a tamanha beleza viveu anos jamais esquecidos. Apreciar isto com os olhos de Manuel não é para qualquer ser humano. Precisa ter amor nos olhos e doçura no coração.

Quando chega o mês de dezembro, no pantanal tudo começa a mudar. As águas avançam, deixando seu curso normal. Esplendida e magnífica, a natureza segue os ciclos. E ela sempre nos surpreende. Nada é igual, a Natureza está em constante renovação. Sem se importar se o homem está preparado ou não, ela dá o seu show. É a magia da vida renascendo.

Observamos os camalotes, que, por sua vez lentamente se desprendem das margens do rio, e, como se estivessem compondo uma coreografia: o balé das águas, deslizando seguem seu trajeto.  E, nesta dança, um a um no leito “serpenteiro” do rio vão se atraindo, e aos poucos formando uma ilha de camalotes habitada por cobras. que solitárias navegam, sem saber onde ancorar.

Falo sobre as maravilhas do Pantanal, do rio Paraguai. Por três anos residi em Porto Murtinho, nem nos meus devaneios mais loucos, imaginava que um dia falaria sobre as belezas daquele lugar. Os finais de tarde, o pôr do sol… E tantas outras belezas mais. Ali, ficava a observar como o Sol se despedia, e a Lua lentamente, com seu brilho sedutor, ia tomando seu lugar, se fazia cheia, trazendo consigo um clarão nas matas. Recordo o aroma sedutor que vinha do rio, semelhante a melancia. Uma doce brisa vinha chegando lentamente. Ah, se eu pudesse voltar no tempo, talvez ficasse mais tempo por ali. Olharia mais a exuberante criação divina. Me apaixonaria mais pelo entardecer. Talvez me banharia mais nas águas turvas que escondem mistérios.  Hoje reflito, e vejo como tudo passa tão rápido. Tudo que ali aprendi, amei. As marcas daquele lugar, ficarão guardadas por toda uma vida, são só minhas, são experiências únicas, que ninguém pode tirar de mim.

Em meio a esta doce brisa, que você possa perceber que ciclos se encerram, outros começam. Muitas surpresas estão soltas aos ventos, e ao soprar da brisa chegarão em sua vida.

Deixo aqui um lembrete: “Ame mais, aprecie mais, cuide mais, pois por aqui, tudo é efêmero, logo finda. ”

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