Projeto ‘Bonito não Atropela’ quer fazer do município referência em preservação da fauna nas estradas

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Já na fase de definições de pontos críticos e locais que devem receber medidas de mitigação nos próximos meses, o projeto ‘Bonito Não Atropela’ tem como objetivo diminuir os índices de atropelamentos de animais silvestres nas rodovias de Mato Grosso do Sul, começando pela Capital do Ecoturismo do Estado. A ideia é fazer de Bonito um espelho, através de medidas eficazes que preservem a fauna, incluindo espécies sob risco de extinção, como o macaco-prego, tão comum no município, mas já na lista de espécies ameaçadas.

“A gente enxergou que Bonito, por ter essa bandeira de município modelo do ecoturismo e usa dessa questão natural do ecossistema a seu benefício, seria o lugar ideal para criar um projeto que reverberasse e fosse um espelho para o Estado e quem sabe até para o Brasil. O município não é o lugar de maior índice de mortes de animais em estradas, mas ele tem potencial de se transformar melhor que os outros municípios, porque o ele precisa dessa biodiversidade, ele usa dela e tem um clamor popular, as pessoas querem essa mudança”, detalha Maurício Forlane, representante da Ampara Silvestre, que está entre as instituições idealizadoras do projeto.

Nesta semana Maurício e a bióloga Fernanda Abra, da ViaFAUNA acompanharam equipe da Agesul em visitas as rodovias que compõe a malha viária de Bonito, para elaboração de avaliação técnica que será entregue Governo do Estado com os locais onde é possível fazer as mudanças. As medidas de mitigação incluem desde instalação de cercas as margens das rodovias para direcionar o animal até um local seguro para travessia, até as passagens de fauna subterrâneas ou áreas, que permitem manter-se o fluxo entre as populações que foram cortadas pelas rodovias e ao mesmo tempo, faz com que o animal não cruze pela estrada.

“O secretário de Infraestrutura do Estado entendeu a mensagem, que é uma questão de segurança humana e preservação da nossa fauna, uma vez que uma colisão com um animal grande, como uma anta, uma capivara ou um tamanduá-bandeira, muitas vezes termina em uma morte ou um acidente grave. Então isso vai dar uma força muito grande para o projeto e a gente vai melhorar muito no Estado como um todo”, reforçou Maurício.

Ainda segundo o biólogo, as medidas mais visíveis a curto prazo para os moradores e visitantes, será a instalação de telas de proteção nas duas margens da MS-178, na entrada de Bonito. “Essa região do Formoso e Formosinho é um corredor muito importante de fauna, então essa tela, que vai na beira da rodovia, vai guiar o animal a passar por debaixo da ponte e não por cima da estrada. Nós já temos o material e estamos acertando com Estado a questão da instalação e se tudo der certo, até o final deste ano, será implantada”. Detalha.

Outra proposta, segundo Maurício, são as passagens superiores, que funcionam como pontes aéreas ligando um lado da estrada ao outro, com 6 metros de altura para permitir os caminhões passarem e devem contar com contrapartida da Prefeitura de Bonito. Os redutores de velocidade, como lombadas e radares também estão no projeto, mas como envolvem medidas federais, acaba sendo mais burocrático. “As passagens superiores vão beneficiar principalmente espécies como os bugios, o macaco-prego, que embora seja comum na região, é um animal ameaçado de extinção, entre outros de pequeno porte”.

Agesul – Pedro Celso, diretor de Meio Ambiente da Agesul, que acompanhou os biólogos nas visitas explica que já há um interesse do Estado em implantar medidas de mitigação nas rodovias, tendo inclusive um projeto neste sentido denominado ‘Estrada Viva’, que abrange não só as estradas de Bonito, mas todas as rodovias de MS. “Esse problema de colisões com animais é recorrente em todos os municípios do estado e há 6 anos a Agesul tem um convênio com a UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul),  para monitoramento da fauna nas rodovias. Agora recebemos uma determinação do secretário Eduardo Riedel para que engenharia ande junto com a questão ambiental na construção de estradas”, detalhou.

Um exemplo disso, segundo Pedro Celso, será a pavimentação da MS-345 – famosa estrada do 21 – que já será construída com medidas de mitigação. “Ela será construída obedecendo todos os parâmetros de sustentabilidade com o ambiente e com a fauna principalmente. Nós já temos a autorização dele para fazer a adequação necessária dentro do projeto de engenharia, bem como já fizemos alteração no projeto de recuperação da MS-382, no trecho de Guia Lopes até Bonito”.

Nesse sentido, Maurício reforçou que o projeto Bonito Não Atropela vai entregar o projeto de todas as malhas viárias de Bonito, com as medidas que o grupo julga ser eficiente e seguro para ser implementado nessas rodovias. “Nós visitamos a estrada do 21 ´para criar o projeto antes da pavimentação, ou seja, ela será construída levando em conta as medidas de mitigação. O que a gente está conversando muito com o Governo do Estado é que todas as obras de rodovia, não apenas em Bonito, tenham projeto de mitigação de atropelamento de animais”, finaliza o biólogo.

O projeto – O projeto ‘Bonito não Atropela’ nasceu de uma necessidade da comunidade local por medidas de mitigação, tendo como apoio um abaixo assinado do grupo Unidos da Serra da Bodoquena com cerca de 7 mil assinaturas. Ele tem como missão transformar a malha viária do município de bonito e da região em estradas mais seguras para os animais e para o usuário. É composto pela união de várias forças, com organizações locais como a Fundação Neotrópica do Brasil, Unidos da Serra da Bodoquena, Instituto Raquel Machado, no qual proprietária é de Bonito e foi responsável por juntar as peças e criar um movimento tão forte. A Via Fauna, que é a cabeça técnica e pensante nas questões de estrutura de mitigação, projetos técnicos contra acidentes com faunas em rodovias, representado pela Fernanda Abra, a Ampara Silvestre, que trabalha na questão de marketing, divulgação e proteção dos animais e recentemente se juntaram ao grupo o Instituto de Conservação de Animais Silvestres, que tem dois projetos bandeiras no Estado, como Bandeiras e Rodovias e o Tatu-canastra, que traz um conhecimento muito completo do problema de colisões no Estado como um todo,  com grandes estimativa e projeções de dados. A Rede PRO UC que que trabalha a questão de preservação das Unidades de Conservação e tem um papel importante na articulação com o Governo.

Confira o que a bióloga Fernanda Abra destacou sobre o tema:

Ouça a entrevista com Maurício Forlane na íntegra:

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