A história de uma mulher como outra qualquer

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No Dia Internacional da Mulher, a Cleusinha Flores, mulher, mãe, bancária e empresária, conta um pouquinho de como foi entrar nesse mundo, que na época era ainda mais masculino, e construir uma carreira de sucesso, que hoje se reforça na administração da própria empresa

Hoje eu tenho uma vida bastante tranquila, mas não foi sempre assim…

Vou contar um pouco da minha história porque tenho certeza que vai haver identidade com muitas outras mulheres que passaram por muitos desafios e a ideia é dizer que vale a pena. Seja o que for que você esteja passando, vale a pena seguir em frente!

Eu sou a filha do meio do Sr. Saul Flores e Dona Gedi Flores, sempre gostei de estudar, casei cedo com 18 anos e tive 3 filhos, o primeiro partiu pro mundo espiritual com 3 meses de gestação. Com 16 anos conclui o ensino médio e não pude fazer graduação na época por questões financeiras. Quando me casei (grávida) com 18 anos, não tinha a menor ideia dos desafios que enfrentaria, sem julgamentos de certo e errado, meu casamento durou 11 anos.

Eu fui emancipada com 17 anos pra poder ser empresária. Naquele tempo, 1983, a experiência que eu tinha de comércio era atender o bar e restaurante que meu pai tinha. Eu achava que era tão fácil comprar por um preço e vender com lucro, que não tinha como dar errado. Fomos eu e minha irmã pra São Paulo comprar mercadoria com cheque pré-datado pra comprar, vender, receber e depois pagar. Vivi um período de grande aprendizado, com muitos erros e acertos. Fui a falência com a loja, vendi tudo, mas precisava trabalhar. Recomecei agora vendendo enxoval, depois lingerie, andava numa bicicleta com os filhos, fazia o serviço de casa e a tarde saia pra vender. Novamente montei a loja que se chamava Peixuxa (música do Raul Seixas) e em 1993 passei no concurso do Banco do Brasil. Achei que iria navegar em águas mansas pro resto da vida, vendi a loja novamente.

Cleusa e Bruno comemorando a conclusão do curso de Arquitetura

O sentimento que ficou desse período foi que eu era levada pelas circunstâncias, não dominava nenhuma técnica, precisava de dinheiro pra sobreviver, misturava o dinheiro da empresa com minhas despesas, patinava e não prosperava. Na verdade como eu era uma mãe responsável pela educação e sobrevivência dos filhos sozinha, nem analisava as possibilidades, existia uma grande insegurança do futuro, eu não sabia se estava sendo boa mãe, não sabia fazer a administração da empresa nem da minha vida particular.

Quando comecei minha carreira no banco parecia que estava perto de viver no paraíso, teria um ganho mensal, só trabalhava 6 ou 8 horas dependendo do período, mas o desafio continuou porque minha cabeça continuava a mesma – eu tinha muita vontade de fazer muita coisa mas era totalmente indisciplinada – a bagunça da minha vida particular veio para vida profissional (não teria como ser diferente).

Aretha e Cleusa sempre fortalecendo uma a outra

Tive LER (Lesão por Esforço Repetitivo), pois minha cabeça era como uma panela de pressão, e não sinto culpa porque eu nem conseguia entender meus sentimentos muito menos expor pra alguém as minha dificuldades. Passei por muitos desafios até começar a voltar pro meu interior, pro auto conhecimento, fazer terapias, praticar uma filosofia pra começar a me entender e mudar o rumo da minha história, não foi da noite pro dia, eu marco que em 2001 eu comecei a fazer terapia em Bonito. Mudei em 2002 para a Capital para poder dar ensino de qualidade para os filhos e em 2004 comecei a praticar meditação e daí por diante as coisas foram melhorando.

Nesse processo eu cresci profissionalmente, me envolvi numa estratégia de formação dos filhos, com cursos técnicos antes da graduação, quando eles entraram na faculdade já tinham algumas habilidades que eles puderam trabalhar fazendo a graduação, isso ajudou muito tanto na formação deles como na parte financeira dos adolescentes.

Num ano eu consegui fazer 40 cursos o que me deu uma ideia de mercado muito boa. Em 2010 fui transferida pra Maracaju, com 6 meses de agência tive minha primeira nomeação como gerente, anteriormente eu só pegava cargo de gerencia temporário, estudei muito, mas muito mesmo, eu levava as instruções normativas pra casa pra estudar os produtos do banco.

Cleusa e a neta Beatriz, que ele descreve como o xodó da vida!

Enfrentei ainda o desafio de crescer na carreira sendo mulher. Depois que eu me fortaleci e decidi fazer carreira participava de reuniões onde sempre a maioria eram homens e para ser respeitada, precisei estudar mais, como se tivesse que provar o tempo todo que era boa para estar ali. Se a gente acha que vivemos em um país machista, imagina no ambiente financeiro! Homens querem confiar em homens! Eu ainda escolhi ir pra área de empresas e tive várias resistências e testes. Tinha empresa que me recebia e testava meus conhecimentos. Eu não acho que a gente precisa saber de tudo o tempo todo, mas na área que a gente atua, você tem que saber pelo menos onde vai buscar a informação.

Quando finalmente aposentei, por minha opção deixei o banco, eu me sentia capaz de fazer mais e resolvi empreender e voltar para o mercado, agora com mais possibilidades de correr riscos, ser útil com os meus conhecimentos e hoje trabalho com consultoria financeira – que sempre foi o meu desafio. Percebi que as pessoas precisam de ajuda sim, precisamos falar da nossa vida financeira e estou muito feliz com o meu trabalho.

Então hoje, acima de tudo, só quero dizer que VOCÊ É A SUA MELHOR APOSTA! Nunca desista pelo fato de se sentir amedrontada em meio ao ambiente masculino. A gente não nasceu para esconder no medo!

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