Um sonho de Natal

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Por Tania Maria Pellin

 

Crescemos acreditando que o Velho Noel era um personagem ilustre, aparecia apenas nas noites antes do Natal, e, vivendo nesta ilusão eramos contagiados por um sentimento indiscritível, havia felicidade. Nada se compara aos Natais desta época.

Havia toda uma preparação para esperar a célebre visita. Era uma noite mágica, luzes multicoloridas, canções natalinas, organização da ceia, e aqueele “se você não for dormir cedo, o Papai Noel não vem,” como eu acreditei em tudo isso, ilusões da infância. Quantas noites fui dormir no embalo de que logo cedo meu presente estaria ali na sala, nem tínhamos árvore de Natal, mas a lembrança do Noel nunca faltou. Meus pais conseguiram introduzir em nossas vidas o sonho de Natal.

Imagino como era gratificante para eles naquele tempo viver tudo isso, alimentar a esperança, dar continuidade a um legado que receberam de seus antepassados. Lembro-me da expressão em seus olhos quando abríamos os presentes. Certa vez meu sonho era ganhar uma boneca. Acordei, saí da cama correndo e num passo estava na sala, no sofá meu presente muito bem embalado. Aquela boneca que tanto desejava. Como eles conseguiam? Como compravam? Eu era uma espoleta, difícil de ser enganada. Mas sempre neste momento era surpreendida. Cresci vivendo a magia do Natal.

Nossos professores não se atreviam a fazer alusão, revelando a verdade. Isso cabia a família. Por um longo tempo acreditei, ou talvez quis acreditar, que os sonhos de Natal poderiam ser realizados. Nesta noite mágica, o impossível poderia acontecer. Inocência de uma menina que sonhava.

Fui professora das séries iniciais por um longo período, durante o percurso desta longa jornada estive com educandos de diversas crenças, respeitei os princípios de cada uma. Sua fé, sua cultura, os preceitos aos quais os pais as orientaram.

Jamais, durante todos os anos que convivi com estas crianças, lhes disse que o Natal era um conto, onde Papai Noel não existia. Como Psicopedagoga, tenho convicções de que a criança precisa do lúdico para ter uma infância feliz. O faz de conta, o encantamento deve estar presente no desenvolvimento dos mesmos. Cada etapa do desenvolvimento infantil precisa ser respeitada para que não tenhamos adultos frustrados. Para Vygotsky, o brincar e a imaginação gera um espaço para pensar e desenvolver o pensamento.

Hoje, o “Sonho de Natal” já não é mais o mesmo de outrora, mas a fé na realidade influenciada por este momento ainda prevalece. Acredito, que a humanidade pode ser regenerada. Que o amor possa transformar famílias, que a alegria contagie a todos. Ainda acredito na empatia. Tenho viva dentro de mim uma fé que não se corrompeu.

No início do século XX um fato inusitado deixou uma marca que o tempo não poderá apagar, “a aura natalina atuou”, a históra narra um episódio sobre este momento:” Trégua de Natal é o termo usado para descrever o armistício informal ocorrido ao longo da Frente Ocidental no Natal de 1914, na  Primeira Guerra Mundial. Durante a semana que antecedeu o Natal, soldados alemães e britânicos trocaram saudações festivas e canções entre suas trincheiras; na ocasião, a tensão foi reduzida a ponto dos indivíduos entregarem presentes a seus inimigos. Na véspera de Natal e no Dia de Natal, muitos soldados de ambos os lados — bem como, unidades francesas ainda que em menor número — se aventuraram na “terra de ninguém”, onde se encontraram, trocaram alimentos e presentes, e entoaram cantos natalinos ao longo de diversos encontros. As tropas de ambos os lados também foram amigáveis o suficiente para jogarem partidas de futebol.” Se na Grande Guerra, isso foi possível em algumas frentes de batalha, por que não podemos mudar a situação nos dias atuais? A humanidade precisa reaprender a amar. A perdoar, a ter eperança.

O Natal continua com sua magia contagiante, basta reascender uma pequena faísca e a chama do Natal aquecerá a tantos que sentem frio, fome e solidão. São tantas as necessidades da humaninade. Alguns anseiam por um simples abraço, este aquece mais que cobertores.

Embora, seja apenas uma noite, ela se mantém intocada. Ano após ano, iluminados pela estrela que guiou os Reis Magos acreditamos que o mundo pode ser melhor.

O dia tão esperado por muitos já começa a surgir no horizonte!

E você, ainda acredita no Natal? Qual é o seu sonho?