Com casa cheia, projeto que autoriza estudo para retirada de água dos rios de Bonito é reprovado 

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Após uma discussão calorosa entre os parlamentares e até intervenção do público em determinados momentos, a Câmara Municipal reprovou, por 7 votos a 3, o projeto de lei que autorizaria a realização de um estudo técnico de impacto ambiental sobre a retirada de água dos rios de Bonito para abastecimento da área urbana.

A justificativa predominante entre os vereadores para rejeição do projeto é de que o estudo seria feito pela Sanesul, que atualmente é a empresa responsável pelo fornecimento de água no município, gerando um conflito de interesses, que poderia comprometer a idoneidade do mesmo.

“Sou contra do jeito que está posto, porque acredito que o projeto pode ser aprimorado, que um projeto desse tipo tem que ter muito mais participação popular e que há um conflito de interesses, além de não ser o momento adequado, nem para o município, nem para a fase nacional em que estamos vivendo. Só que também gostaria de ressaltar a importância do estudo, assim como muitos colocaram. A gente vai ter que conversar sobre isso. Como vamos resolver um problema hídrico se não tiver dados, se não tiver estudos, como nós vamos avançar? Agora a questão é, como vamos fazer esses estudos, quem vai fazer e se pode ser ampliado, tem as questões das aguas subterrâneas, a preservação, enfim”, detalhou o vereador Paulo Henrique Breda (Professor PH), ao votar contra.

A vereadora professora Loiva Heidecke também reforçou a necessidade de um debate sobre o tema, porém com mais cautela. “Esse problema da água, nós precisaremos enfrentar no futuro breve. Sei que nós temos não só os 20 poços da Sanesul, mas que vários empreendimentos também têm seus poços particulares, o que acaba também impactando na falta de água, enfim, sabemos que precisamos achar soluções, mas sem prejudicar nossos rios, porque nossa economia também depende deles, mas nesse momento, essa agressão ao meio ambiente, sem ter um estudo mais aprofundado, não pela empresa interessada, então não vejo uma lógica nisso”.

Entre os votos favoráveis, o vereador Pedrinho da Marambaia não quis se pronunciar e os vereadores Pantera e Irson Casanova reforçaram que o objetivo do projeto era apenas a realização do estudo para aí sim iniciar os debates. O presidente da Casa, vereador Toquinho da Rádio preferiu não votar, mas destacou que não concordava com a empresa que realizaria o estudo e os demais parlamentares foram contra.

Casa cheia – Moradores e ambientalistas lotaram o plenário da Câmara para acompanhar a votação. Alguns levaram cartazes e pediram pela proteção dos rios. Durante todo o dia, antes da sessão, o tema foi amplamente discutido no grupo Unidos da Serra da Bodoquena, que reuni a comunidade civil, empresários do trade turístico e represantes de diversos órgãos ligados ao meio ambiente.

O Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente) também se reuniu com vereadores, representantes do COMTUR (Conselho Municipal de Turismo), o vice-prefeito e as secretárias de Turismo e de Meio Ambiente do Município, na manhã antes da sessão, solicitando que o projeto fosse debatido com os demais setores, antes de entrar em votação, devido a relevância do tema e a complexidade do sistema hidrogeológico da Serra da Bodoquena, porém a PLO já está na pauta da sessão para primeira discussão e votação.

O projeto foi votado em regime de urgência, sendo reprovado já na primeira discussão.

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