Após acusação de violência obstétrica, hospital abre investigação e médico processo por difamação

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Na última semana o relato de uma mãe ganhou as redes sociais e expôs um suposto caso de violência obstétrica no hospital Darci João Bigaton, em Bonito. Acusado de desrespeitar uma paciente durante o parto de seu primeiro filho, o médico Iber Gomes de Sá Neto falou pela primeira vez à imprensa e negou as acusações. “Se ela não ficou satisfeita com o atendimento, podia ter procurado a polícia, registrado um boletim de ocorrência, mas não tinha o direito de expor meu nome como fez, sem me dar direito de resposta”.

A paciente deu à luz ao seu primeiro filho no dia 4 de fevereiro. Em um depoimento divulgado no site GDS News a mulher detalhou que se preparou para o parto, estudou e pesquisou sobre o assunto. Ela conta que monitorou as contrações em casa, deixou para ir ao hospital no último momento, quando já estava em parto ativo, o que segundo o médico e o hospital, prejudicou o atendimento da paciente, por não tem tempo hábil para realizar todos os procedimentos necessários.

Conforme relato da paciente, logo no primeiro exame a que foi submetida, assim que chegou à unidade, a enfermeira constatou dilatação máxima e imediatamente chamou o médico para realizar o parto. Enquanto esperava, ela detalhou à enfermeira um “plano de parto” , criado pela própria paciente ao longo da gestação, “dentro das recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Quando o médico responsável chegou, a mulher narra que nenhuma das suas orientações ou pedidos foram atendidos. Ela diz ter sido forçada a deitar na maca, mesmo ficando em uma posição desconfortável, e submetida a um exame de toque que, na sua avaliação pessoal, era “desnecessário e desconfortável”. A paciente afirma que o exame causou incomodo não só a ela, mas como à amiga que a acompanhava.

Meia hora depois de ter dado entrada no hospital, conforme divulgado pelo Hospital, o bebê veio ao mundo saudável e a jovem recebeu alta médica. Depois de 14 dias do parto, a denúncia foi publicada no site e nas redes sociais. Imediatamente o caso dividiu opiniões.

No Facebook, alguns comentários condenaram o médico Iber Neto, enquanto outros defenderam a integridade do profissional de saúde.

O Bonito + procurou o médico. Iber detalhou o atendimento a paciente e negou qualquer tipo de violência. “Tinha outras cinco pessoas na sala, testemunhas. O médico não faz nada sozinho. Existe uma equipe de apoio, todos são testemunhas”.

Iber lembrou que a paciente ficou menos de 30 minutos no centro cirúrgico. “Como pode acontecer tudo isso que ela falou em tão pouco tempo?”, questionou o médico. Revoltado com as acusações ele afirmou que atende há anos na unidade hospitalar, faz cerca de 500 partos por ano, mais de 10 mil na vida e ainda é nascido na cidade. “Sou bonitense. A gente tem nome, não faria isso”.

O médico ainda contou que é pai de três meninas, marido e filho, por isso jamais desrespeitaria uma mulher da maneira que a paciente escreveu. “O exame de toque é um procedimento padrão, a gente precisa ver a dilatação e mesmo assim não sai fazendo de qualquer jeito, pede licença, explica o motivo”, se defende.

“Estou ‘tomando canetada’ de quem nem conheço nas redes sociais, gente de Curitiba. Isso não pode ser normal. Não estou dizendo que fui 100 % certo, não é isso. Se ela não ficou satisfeita com o atendimento podia procurar a polícia, registrar um boletim de ocorrência por violência obstétrica, é um direito dela. Mas não podia expor meu nome dessa maneira, sem me dar direito de resposta. Isso tomou uma proporção enorme”.

Foi pela exposição e pelo prejuízo a sua vida profissional que Iber decidiu processar a mulher e o jornal por calunia e difamação.

Os responsáveis

O Bonito + também procurou a direção do hospital, a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério Público para entender como a denúncia da paciente será tratada.

À reportagem, o secretário de saúde Nivaldo Inácio Carneiro explicou que soube do caso pelas redes sociais e imediatamente entrou em contato com a direção do hospital. “Por ser uma denúncia grave dentro da saúde do nosso município, entrei imediatamente em contato com o diretor do hospital, que me garantiu que a situação será investigada. No entanto a decisão é exclusivamente da instituição, já que médico em questão atuava como contratado pela unidade, não pelo município”.

Iber também presta serviço para a prefeitura, atende pacientes no ambulatório central e faz ultrassonografia, mas segundo secretário não há qualquer tipo de reclamação por escrito em relação ao trabalho dele nessas unidades.

Já no Hospital Darci João Bigaton, a postura do médico durante o parto será analisada por uma comissão de ética. Segundo o diretor-presidente, Wilson Braga, a partir de segunda-feira, dia 1º de março, o caso passar a ser avaliado pelos médicos que compõe a comissão. Até que uma decisão seja tomada, Iber continua atendendo na unidade.

Ainda confirme Braga, a paciente não fez nenhuma reclamação formal ao hospital, nem no dia do parto e nem posterior a denúncia. “Assim que soube da reportagem, eu pedi para a enfermeira entrar em contato com ela, para que viesse ao hospital conversar comigo, relatar os fatos e fazer a denúncia, porém ela se recusou. A enfermeira ainda insistiu e ela acabou falando alguns detalhes por mensagem, mas ainda assim não quis oficializar a denúncia ao hospital”, detalha.

O diretor também relata que o trabalho de parto durou cerca de 30 minutos e que o fato dela deixar para ir até o hospital tardiamente prejudicou o atendimento e pode ter sido determinante para as queixas. “A paciente deu entrada as 5 horas e as 5h30 o bebê já tinha nascido. A equipe não teve tempo sequer de fazer a ficha de atendimento dela antes do parto. Existem procedimentos que precisam ser seguidos, exame clinico, medicação. Ninguém vai para sala de parto sem antes fazer um preparo”, reforça.

Das investigações

Conforme apurado pela reportagem, Iber Gomes de Sá Neto é alvo de duas denúncias na 2ª Promotoria de Justiça de Bonito.

O promotor Alexandre Estuqui Júnior apura a conduta do médico em dois procedimentos distintos: no primeiro sobre uma situação de violência obstétrica no Hospital Darci João Bigaton; e o segundo referente às denúncias de má conduta do médico obstetra. O MP não informou se as denuncias já correntes são relativas a este caso.

A paciente

A reportagem procurou a paciente por mensagem nas redes sociais, mas não obteve retorno. O Bonito + também realizou uma busca processual com o nome da paciente no site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, porém o único procedimento localizado é o de Direito de Imagem, movido pelo médico contra ela e o jornal.

 

5 COMENTÁRIOS

  1. O médico tem direito de resposta e qualquer pessoa tem direito de ir à justiça, agora mencionar nomes como fizeram em seus face e abrir uma verdadeira difamação dando acesso para pessoas de qualquer estado chamar o médico de verme, que ele deve parir pela uretra um abacaxi, carniceiro, monstro, esse médico se acha, que ele não tem diploma. Isso sim é um verdadeiro horror e desinformação. O Doutor Iber é gente da cidade, a maioria o conhece não apenas como médico, mas convive com ele e sabe como ele é querido. Isso comprova pelas lindas declarações de agradecimento e defesa ao Iber mesmo namorando o local apropriado. Sou irmã do Iber, sairei em defesa dele e de minha família, não me calarei diante o horror que estão fazendo, detonando anos de profissão quase 10 anos de estudo , com diploma e especializações muitos anos de trabalho. Tahiana Sá.

  2. O médico tem direito de resposta e qualquer pessoa tem direito de ir à justiça, agora mencionar nomes como fizeram em seus face e abrir uma verdadeira difamação dando acesso para pessoas de qualquer estado chamar o médico de verme, que ele deve parir pela uretra um abacaxi, carniceiro, monstro, esse médico se acha, que ele não tem diploma. Isso sim é um verdadeiro horror e desinformação. O Doutor Iber é gente da cidade, a maioria o conhece não apenas como médico, mas convive com ele e sabe como ele é querido. Isso comprova pelas lindas declarações de agradecimento e defesa ao Iber mesmo namorando o local apropriado. Sou irmã do Iber, sairei em defesa dele e de minha família, não me calarei diante o horror que estão fazendo, detonando anos de profissão quase 10 anos de estudos, com diploma e especializações muitos anos de trabalho.

  3. Conheço Iber Sá há anos, desde dos tempos de Faculdade, uma pessoa íntegra que sempre gostou de ajudar as pessoas, foi um grande amigo que me acolheu logo quando iniciei o curso de Medicina, onde nem mesmo me conhecia, e isso sempre foi dele de ajudar as pessoas independentemente, infelizmente as pessoas tem perdido o amor e a empatia pelo próximo, tbm sou Obstetra, durante anos de profissão nunca vejo pacientes ir em rádios ou em redes sociais fazer elogios ou agradecimentos, sempre vão somente fazer críticas o difamações de profissionais. #medicinaporamor 🤝🤝🤝

  4. Que absurdo que essa senhora fez – ela então queria ditar os procedimentos ? Ora, no meu entender quem comanda o parto é o médico e não a gestante. Olha só: “as redes sociais deram oportunidade para os idiotas se manifestarem, coisa que antes dessas tecnologias, ficavam restritas a conversas de botécos.” O médico deve processar a paciente por injúria e difamação, no meu entender.

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